Brincar de Morrer
Diante do caixão, onde estavao corpo inerte de seu vovô, Julinho enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto angelical de sua mãe. lançou um último olhar para o rosto desbotado, sem vida do vovô,e lançou uma frase fria, perguntou:
- mamãe não chora e me diz, por que as pessoas morrem...
A mãe o tirou dos seus braços, e forçou a sua cabecinha para que encostasse no seu ventre e ficasse de costas para o caixão.
- É o ciclo da vida, a vida tem começo, meio e fim. A gente nasce, cresce, vive e morre. Ele está bem, vai pro céu.
- Sei, mas a morte é tão triste, você ta chorando. Um enterro é tão triste, o cemitério é tão feio - e ta caindo um chuvisco fino.
- É, mas tudo passa, até o chuvisco vai passar.
- Vou sentir falta do vovô.
- Todos vamos sentir.
E, naquela tarde de domingo,sob um clima de extrema melancolia, o caixão do vovô descia para a sepultura. Julinho, com oito anos, subia para a vida. Liberto dos olhos da mãe corria pelas sepulturas brincando de esconde-esconde com a priminha Dada, de nove anos.
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