sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Não Pode

O pai estava sentado no velho sofá com a mão direita  em cima do olho esquerdo, parecia tapar o olho. A tv estava ligada, mas ele parecia não prestar atenção na programação. O trinco da porta virou, a porta abriu, dois policiais entraram na sala, com passos mansos, mãos nas armas. Olhavam para o recinto, como se procurassem por alguém.
- Foi o senhor, moço, que chamou à polícia...
- Foi - respondeu secamente, de olho na televisão.
O pai tirou a mão do olho revelando um olho roxo, inchado e fechado. Falou o pai:
- Não pode bater, pode...
- Não pode, disse a policial feminina,a Tenente.
- Colocar no milho, de castigo, pode...
Disse o pai, com voz embargada, sufocada.
- Não pode - disse a pfem.
- E esse olho rôxo...- indagou o policial, com a mão segurando o cabo da pistola.
- Foi ele...
- Vai dar queixa...- indagou a Tenente.
Depois, de alguns segundos de silêncio, respirando forte, quase sem fôlego, respondeu:
- Ele é menor.
- Por quê ele fez isso...
- Não sei, acho que não tive tempo para educá-lo. Trabalho muito. Quando saio ele  ta dormindo, quando retorno do trabalho ele ja ta na cama. dei uma bicicleta pra ele quando tinha 7 anos de idade. Ensinei-o a andar de bicicleta, depois nunca mais nos vemos, hoje, sete anos depois, quando nos reencontramos, recebi de agradecimento esse olho rôxo.























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