segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Homem e o Rato

Lá fora a madrugada é fria, nuvens cinzas tingem o céu nebuloso. Galhos de uma árvore seca decoram a rua, como se fosse o cenário perfeito de um filme no ir, de suspense, ou terror.

Não vou dizer que uma coruja soltava seu canto de agouro, porque seria mentira, ou que um morcego  batia suas asas por entre os telhados, mas um rato invadia a sua casa e ia direto para o seu quarto, com habilidade salta no banco e com mais outro, chega até ao alto da mesa e, croc, croc, croc - la mesmo come seus biscoitos.
O ruído provocado pelo roedor lhe rouba do sono, se quer pôde esboçar uma reação, diante do seu corpo cansado, tomado pelo sono. Odiou aquele momento. 

Trôpego, pegou um dos seus livros e o arremeçou contra o roedor, este, com um biscoito nas fuças correu para o buraco na porta de madeira por onda passava todas as noites para roubar comida. Imaginou ouvir o rato soltando uma risada debochada.

Estava cansado de, logo ao se jogar na cama, ouvir uma ou mais baratas se esgueirando pelo chão em busca de pertubar sua noite - assim, como os ratos, odiava as baratas. Não adiantava por inseticida, não adiantava colocar veneno contra ratos - nada adiantava contra essas pragas mundiais.

O homem ja foi à lua, ja foi nas cotas batimétricas dos oceanos, ja fotografou estrelas, supernovas, buracos negros e etc, e nada contra os ratos - eles continuam pelo mundo. 
Roubando e pertubando a noite de sono da gente. E as baratas, as malditas suportam até radiação atômica - seriam os únicos seres sobreviventes após uma catástrofe nuclear. dai, talvez, surgisse uma nova espécie a dominar o planeta.

Uma chuva fina tilintava no asfalto e fazia uma sinfonia no telhado de eternit do vizinho. A parede ao lado da cama ficava umedecida e o frio aumentava. A cama ficava gelada, a coberta fria. Pôs a meia nos pés e vestiu mais uma camisa. Vou tapar o buraco por onde o maldito rato entra. Todos os dias perco um saco de biscoitos.

Este maldito me lembra o meu patrão, um ladrão quando tem que pagar seus credores, ou aos seus funcionários - dizia.
Muitas noites chegou cansado, e abruptamente acordava, por haver esquecido o prato com restos de alimentos em cima da mesa - o malditro rato tirava proveito daquela situação.
E o que fazia, ao surpreender o ladrão de rabo dentro do prato era jogar o prato fora. Achava rato o bicho mais nojento do mundo, só perdia para as baratas. Pôde ver aonde elas vivem e procriam, quando o esgoto ou a fossa tinha que ser abertos, por entupimento.
Acordava cedo, independia que o seu corpo pedisse mais horas de sono.

Tinha que ir trabalhar, era a vida. O transporte coletivo cheio, um sufoco, total desconforto. O salário atrasado, ou muito pouco pra suas despesas diárias, mensais.Levava uma vida de sacrifícios. Poucos eram os prazeres que podia vivenciar. E o rato lhe tirando o sono, roubando os biscoitos de sabor morango, recheados - o que mais saboreava. Vivia sozinho e era obrigado a receber pela madrugada a dentro um rato.

As baratas asquerosas quando sentiam que ele se movimentava com o chinelo na mão partiam em disparada. O rato, não. Ele era pirracento, se escondia em qualquer canto, e dali não saia até que pudesse lhe roubar um biscoito.

O seu sono era a coisa mais sagrada do mundo - o rato lhe tirava o sono, logo um rato a lhe desafiar nos seus mais de um metro e oitenta de altura. Um rato que lhe roubava o sono e seus biscoitos.
Ao ter saido de casa naquela manhã fria, com o corpo pedindo horas de sono, bocejando olhou para o buraco na porta de madeira e pensou com seus botões: "ainda vou poder dormir tranquilo, vou tapar esse buraco".











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