terça-feira, 1 de novembro de 2011

 CONTOS TRAVESSOS





A calcinha e o gênio



Rico era um sujeito ocupado, muito ocupado. De orígem humilde, lutou e venceu. Agora, ostentava uma vida privilegiada. Morava bem, tinha carro novo, conta bancancária gorda. Plano de saúde de elite, e uma mulher linda, divina, gostosa para desfilar de mãos dadas pelo shopping e fazer inveja aos pobre e simples mortais.
Como tudo tem o seu preço e todo prazer o seu dissabor - a vida lhe roubou o tempo -, Rico não tinha tempo pra nada. Telefonemas, emails, viagens, reuniões de negócios. O menino ocioso, de outrora que vivia jogando bola nos campos de várzea, junto com o sonho de ser jogador de futebol ficaram para trás. Ler um livro - coisa impossível - mal tinha tempo pra dar carinho a sua esposa e aos filhos, ainda crianças carentes do afeto do pai.
certo dia, descobriu que todos estavam cansados dele e de seu estilo de vida estressante, um verdadeiro escravo do trabalho. Então, a mulher ameaçou ir embora com o jardinheiro, caso ele não mudasse um pouco e prestasse mais atenção à família.
Rico tomou uma decisão, primeiro mandou o jardinheiro embora, e no lugar do verde, das flores e do jardim fez um campo de futebol para a pelada com os amigos no fim de semana. Contudo, pouco mudou. As rotinas dos afazeres profisisionais persistiram - e, ele e a mulher não se entendiam, por mais que tentasse justificar que todo o conforto que possuíam, era fruto de suas horas dedicadas ao trabalho - ela queria era senti-lo entre suas entranhas, colado no seu quadril lhe dando muito prazer, mais o carinho, amizade e  o amor de marido-esposo-amante. O fim do casamento era certo.
Desesperado,  andando pelo campo de futebol de sua casa, outrora jardim, tropeçou numa lâmpada daquelas vistas nos filmes do oriente - a do Aladim, mesmo. para sua surpresa, esfregando a lâmpada,  não é que dela saiu um gênio e disse:
- Sou tão apressado quanto você, faça um pedido, e não três, como é nos contos de fadas, vamos, rápido, que sou muito ocupado. tenho muitos contos de fadas para atender. Vamos, homem o que tá esperando...
-Eu, eu estou prestes a perder minha linda esposa, não quero perdê-la, por favor quero ficar com ela...quero ser dela sempre...
- Seja mais preciso, homem, rápido, como posso realizar esse seu desejo, tenho pressa, diga.
- Assim mais ou menos, quero ser dela como uma calcinha, entendeu, sr. gênio...que anda colada no seu corpinho.
- Claro você quer ser uma calcinha dela...
E, o gênio, apressado transformou o pobre homem numa calcinha, não entendeu muito bem o seu pedido. Por enquanto, ela o usa, uma vez por semana, por enquanto, rico é lavado, seca ao varal. Odeia os dias em que ela ta menstruada - nojento
Reza noite e dia para não ficar logo desbotado, soltando costuras e não furar, pois, teme ser jogado no lixo, e nunca mais poder
cobrir a parte da sua esposa que mais gostava, e que, ironicamente, desprezava.

Leônidas Grego - meus Contos Travessos

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